A Produtividade

Portugal é o 8º país mais improdutivo na Europa, como metade da produtividade da Alemanha, França ou Holanda e menos de um terço da Irlanda ou do Luxemburgo.

A baixa produtividade portuguesa é motivada essencialmente pela micro dimensão da generalidade das empresas e a fraca qualidade da gestão, destacando-se:

  • o baixo grau de inovação e uso de tecnologia;
  • a frágil cultura de risco e empreendedorismo;
  • a baixa qualificação dos gestores;
  • a excessiva hierarquização das relações laborais;
  • a baixa autonomia decisória. 

Por outro lado, o sistema fiscal gera uma das mais altas cargas tributárias na Europa sobre o rendimento das empresas, o que não contribui para atrair empresas macro e com boa qualidade de gestão. 

Poderemos também relacionar a baixa produtividade com as características individuais médias dos trabalhadores, uma vez que detêm baixas qualificações (segundo dados do INE, apenas 3 em cada 10 trabalhadores têm o ensino superior).

Também concorre para os fracos resultados em termos de produtividade, a forte dependência do turismo, uma vez que é um setor que gera pouco valor acrescentado por trabalhador, quando comparado com outras atividades mais suscetíveis à inovação, digitalização e à maquinização.

A baixa produtividade tem como consequência imediata salários baixos e a estagnação da economia. Não é de estranhar por isso que um em cada quatro trabalhadores ganhe apenas o salário mínimo nacional (dados do Ministério do Trabalho). Se o limite mínimo de aumento dos salários é a inflação, o máximo será sempre a produtividade e o crescimento económico. 

Baixos salários e estagnação da economia conduzem inevitávelmente à pobreza. Portugal é mais pobre do que a média europeia e a pobreza está a aumentar: 21,7% da população europeia está em risco de pobreza ou exclusão social, enquanto em Portugal a percentagem é 22,4%. Por coincidência ou talvez não, Portugal é 8º país mais pobre da Europa (segundo dados do Eurostat de 2021). Em 2020 era de 20%. 

Segundo a Pordata, sem os apoios sociais, um número muito mais expressivo de portugueses – 4,4 milhões – viveria abaixo do limiar da pobreza, com rendimentos até 554 euros mensais.

Como disse Paul Krugman, “produtividade não é tudo, mas, a longo prazo, é quase tudo”.

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